O Atlas Esmeralda conta a história de três irmãos. Kate, a mais velha, tenta proteger seus irmãos a todo custo. Michael, o do meio, é nerd e adora histórias sobre magia. E Emma, a mais nova, é uma encrenqueira capaz de bater em garotos maiores do que ela. Dez anos atrás, numa noite de inverno, os três foram tirados de suas camas às pressas, perseguidos por criaturas estranhas e levados para longe de seus pais. Nunca mais os viram e passaram todo esse tempo de orfanato em orfanato, sem nenhuma explicação para o que aconteceu.
Um atlas encantado surge agora no caminho deles, prometendo revelar as respostas para todas as suas perguntas. A ornada das crianças passa por uma terra habitada por gigantes, anões, lobos famintos, crianças prisioneiras e uma ondessa que é a fonte de todo o Mal.
Esta é a história de três crianças que só queriam salvar sua família e acabam tendo que salvar o mundo.
sábado, 21 de janeiro de 2012
Percy Jackson
esses são os 6 livros da série Percy Jackson e os olimpianos
1- O ladrão de raios
2- O mar de monstros
3- A maldição do titã
4- A batalha do labirinto
5- O último olimpiano
6- Os arquivos do semideus
1- O ladrão de raios
2- O mar de monstros
3- A maldição do titã
4- A batalha do labirinto
5- O último olimpiano
6- Os arquivos do semideus
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
As Chaves do Reino - Sr. segunda feira
Sete dias. Sete chaves. Sete virtudes. Sete pecados.
Ninguém espera que Artur Penhaligon seja um herói. Órfão, com a saúde debilitada e sem coragem, ele sofre com o medo de que a praga que invadiu seu país leve embora sua família adotiva. Mas, quando uma estranha chave em forma de ponteiro de relógio é entregue a ele, Artur descobre que é o Herdeiro das Chaves para o Reino.
Tudo o que acha que sabe - sobre seus pais, sua cidade e sua vida - está prestes a mudar. Agora que ele herdou a Chave de uma Casa estranha e perigosa, não há como voltar atrás.
Ele deve reunir toda sua coragem e arriscar aquilo que ama para desvendar os segredos do mundo que descobriu e salvar o mundo que ele conhece.
o filho de netuno - primeiro capitulo
Capítulo I – Percy
As senhoras de cabelo de cobra estavam começando a irritar Percy. Elas deveriam ter morrido três dias antes quando ele derrubou uma caixa de bolas de boliche nelas no Mercado de Barganhas de Napa. Elas deveriam ter morrido há dois dias quando ele as atropelou com um carro de polícia em Martines. Elas definitivamente deveriam ter morrido essa manhã quando ele cortou suas cabeças no Parque Tilden.
Não importava quantas vezes Percy as matava e as via se transformarem em pó, elas insistiam em re-ganhar forma como grandes e malvados coelhos de poeira. Ele tinha a impressão que mal conseguia ganhar delas na corrida.
Ele alcançou o topo do monte e tentou recuperar a respiração. Fazia quanto tempo desde que ele as tinha matado pela última vez? Talvez duas horas. Elas nunca ficavam mortas muito mais que isso.
Nos últimos dias, ele quase não tinha dormido. Ele comia o que conseguia furtar – Ursinhos de Gelatina das máquinas automáticas, rosquinhas velhas, e até um burrito da Jack in the Crack, que tinha sido a coisa mais ruim até o momento. Suas roupas estavam rasgadas, queimadas e respingadas de lodo de monstro.
Ele só sobreviveu tanto porque as duas mulheres de cabelo de cobra – elas se auto-denominavam Górgonas – pareciam não conseguir matá-lo também. Suas garras não penetravam na pele dele. Seus dentes se quebravam assim que tentavam morder ele. Só que Percy não conseguia avançar muito mais. Logo ele iria entrar em colapso por exaustão, e então – mesmo sendo uma pessoa difícil de se matar, ele tinha certeza de que as górgonas encontrariam um jeito.
Para onde correr?
Ele escaneou os seus ambiente. Em circunstâncias diferentes ele teria aproveitado a vista. A sua esquerda, montes dourados adentravam na área, pontilhados com lagos, florestas, e alguns rebanhos de vacas. A sua direita, as planícies de Berkeley e Oakland marchavam para oeste – um vasto tabuleiro xadrez de bairros, com diversas pessoas que provavelmente não gostariam de ter sua manhã interrompida por dois monstros e um semideus imundo.
Ainda mais para oeste, a Baía de San Francisco brilhava debaixo de uma neblina prateada. Passando disso, uma parede de neblina engolia grande parte da cidade de San Francisco, deixando a vista somente o topo dos arranha-céus e das torres da ponte Golden Gate.
Uma grande tristeza pesou no peito de Percy. Alguma coisa dizia a ele que ele já esteve em San Francisco antes. A cidade tinha alguma ligação com Annabeth – a única pessoa que ele se lembrava de seu passado. Suas lembranças sobre ela eram frustrantemente vagas.
A loba havia prometido que ele a veria novamente e recobraria sua memória –se fosse bem sucedido em sua jornada.
Ele deveria tentar atravessar a baía?
Era tentador. Ele podia sentir a força do oceano logo além do horizonte. Água sempre o revivia. Água salgada era a melhor. Ele descobriu isso há dois dias quando teve que estrangular um monstro do mar no Estreito de Carquinez. Se ele conseguisse alcançar a baía, ele poderia travar uma última batalha. Talvez ele até conseguisse afogar as Górgonas. Só que a praia estava no mínimo a duas milhas de distância. Ele teria que cruzar uma cidade inteira.Ele hesitou por outra razão. A loba Lupa o ensinou a abrandar seus sentidos, a confiar nos instintos que estavam guiando ele ao sul. Seu radar de proximidade de casa estava incrivelmente agitado agora. O fim de sua jornada estava próximo – quase que debaixo de seus pés. Como poderia? Não havia nada no topo do monte.
O vento mudou. Percy sentiu a essência azeda de répteis. A cem jardas abaixo da inclinação, alguma coisa se arrastava pela floresta – quebrando galhos, amassando folhas, sibilando.
Górgonas.
Pela milionésima vez, Percy desejou que o olfato delas não fosse tão bom. Elas sempre falaram que podiam sentir o cheiro dele porque ele era um semideus, um filho mestiço de algum deus Romano. Percy tentou se lambuzar na lama, se molhar em riachos, e até manteve tubos de odorizadores de arem seus bolsos para ter aquele cheiro de carro novo; mas aparentemente um fedor de um semideus era difícil de disfarçar.
Ele correu para o lado oeste do declive. Era muito íngreme para descer. A descida despencava por oitenta pés, direto em um telhado de um complexo de apartamentos construído ao lado da colina. Quinze metros abaixo uma rodovia surgiu da base do morro e cortava seu caminho em direção a Berkeley.
Perfeito. Nenhuma outra saída dessa colina. Ele conseguira se encurralar.
Ele olhou para o fluxo dos carros indo para o oeste em direção a San Francisco e desejou estar em um deles. Então ele se deu conta que a estrada devia cortar por dentro do monte. Deveria haver um túnel, logo abaixo de seus pés.
Seu radar interno enlouqueceu. Ele estava no lugar certo, porém muito mais acima do que necessário. O garoto teria que ver esse túnel. Ele precisava de uma maneira de descer para a estrada, rapidamente.
Percy tirou sua mochila dos ombros. Ele havia conseguido recolher algumas coisas no Mercado de Barganhas de Napa: um GPS portátil, fita adesiva, isqueiro, super cola, garrafa de água, saco de dormir, um confortável travesseiro em formato de Panda de estimação (o mesmo da TV), um canivete suíço - que é tudo aquilo que um semideus moderno quer como arma. - Só que ele não possuía nada que serviria de pára-quedas ou de prancha de esquiar.Isso o deixou com duas opções: pular os oitenta pés direto para sua morte ou ficar no mesmo lugar e lutar. As duas opções pareciam péssimas.
Ele xingou alto e retirou sua caneta de seu bolso.
A caneta não parecia nada de espetacular, só uma caneta normal, no entanto, quanto Percy retirava a tampa da caneta, a caneta virava uma brilhante espada de bronze. A lâmina era perfeitamente balanceada. O punho de couro encaixava perfeitamente nas mãos de Percy, como se a espada tivesse sido feita para ele. Revestido na espada encontrava-se uma palavra em Grego Antigo, que de alguma maneira Percy conseguia entender: Anaklusmos, Contracorrente.
Ele acordou com essa espada na primeira noite na Casa da Loba – dois meses atrás? Mais? Ele perdeu a noção do tempo. O menino acordou no patio de uma mansão incendiada no meio das florestas, vestindo uma camisa laranja, e um colar de couro cheio de contas de argila estranhas. Contracorrente estava em sua mão, mas Percy não fazia idéia de quem era ou de como ele havia chegado ali. Ele estava descalço, congelando e confuso. E então os lobos apareceram…
Bem próximo a ele, uma voz familiar o trouxe de volta ao presente: “Aí está você!”
Percy se desviou da górgona, quase caindo montanha abaixo.
Era a mais sorridente—Beano.
Certo, o nome dela não era realmente Beano. O que Percy pôde ver, era que ele era disléxico, porque as palavras ficavam confusas e distorcidas quando ele tentava lê-las. A primeira vez que viu a górgona, ela estava posando de recepcionista do Mercado de barganhas, com um grande broche verde que lia: Bem vindo! Meu nome é Stheno, e o menino achou que se lia Beano.
Ela ainda usava seu colete verde dos funcionários do Mercado de Barganhas em cima de um vestido com estampa floral. Se você olhasse para o seu corpo, você poderia pensar que ela era alguma velha e gordinha vovozinha – até olhar para seus pés e perceber que ela tinha pés de galinha.
Ou se você olhasse para cima e visse suas presas de javali, de bronze, saindo pelos cantos de sua boca. Seus olhos eram vermelhos brilhantes, e seus cabelos eram um ninho contorcido de cobras da cor verde-vivo.
A coisa mais feia sobre ela? Ela ainda segurava seu grande e prata prato de amostras grátis: Molho de Queijo e Salsicha. O prato dela estava todo dentado com todas as vezes que Percy a matou, mas aquelas pequenas amostras estavam perfeitamente boas.
Stheno apenas continuava carregando elas pela California, para que pudesse oferecer um aperitivo a Percy antes de ela o matar. Percy não sabia por qual motivo ela fazia aquilo, mas se ele algum dia precisasse de uma armadura, ele iria fazer de Molho de Queijo e Salsicha.
Aquela coisa era indestrutível.
“Experimenta um?” Stheno ofereceu.
Percy fugiu dela com sua espada. “Cadê sua irmã?”
“Opa, guarde sua espada,” Stheno repreendeu. “Você provavelmente já sabe que nem Bronze Celestial consegue nos matar por muito tempo. Pegue um queijo com salsicha! Eles estão em promoção essa semana, e eu odiaria matá-lo de estômago vazio.”
“Stheno!” A segunda górgona apareceu a direita de Percy tão rapidamente que ele mal teve tempo de reagir. Felizmente, a górgona esta muito ocupada encarando a irmã para prestar qualquer atenção nele. “Eu falei para você aproximar-se discretamente e matá-lo!”
O sorriso de Stheno murchou. “Mas, Euryale . . .” Ela disse o nome de uma jeito que rimava com Muriel. “Não posso dar a ele uma amostra antes?”
“Não, sua idiota!” Euryale se voltou na direção de Percy e mostrou suas presas.
Exceto pelo cabelo, que era um ninho de cobras corais ao invés de víboras verdes, ela era exatamente igual a sua irmã. Seu colete do Mercado de Berganhas, seu vestido floral, até seus dentes estavam decorados com adesivos de 50% de desconto. Se lia a seguinte mensagem no broche com seu nome: Oi! Meu nome é morra, lixo de semideus!
“Você nos presenteou com uma caçada e tanto, Percy Jackson,” Euryale disse. “Mas agora você está encurralado e teremos nossa vingança!”
“O queijo com salsicha custa só $2.99,” Stheno adicionou como se quisesse ajudar. “Departamento de Mercearia, corridor três.”
Euryale rosnou. “Stheno, o Mercado de Barganhas era um disfarce! Você está se adaptando! Agora, coloque essa bandeja patética de lado e me ajude a matar esse semideus. Ou você já esqueceu que foi ele quem destruiu a Medusa?”
Percy deu um passo para trás. Mais quinze centímetros e Percy estaria rolando no ar. “Olhe, moças, já passamos por isso. Eu nem me lembro de ter matado a Medusa. Eu não me lembro de nada! Não podemos simplesmente negociar uma trégua e conversar sobre os seus especiais da semana?”
Stheno fez um beicinho para sua irmã, o que era difícil de projetar com as presas gigantes. “Podemos?”
“Não!” Os olhos vermelhos de Euryale se concentraram em Percy. “Eu não me importo com o que você se lembra, filho do deus dos mares. Eu posso sentir o cheiro do sangue da Medusa em você. É fraco, sim, de vários anos atrás, mas você foi o último a derrotá-la. Ela ainda não retornou do Tártaro. É sua culpa!”
Percy não conseguia mesmo entender aquilo. Toda aquela concepção de “morrer e depois retornar do Tártaro” dava a ele uma dor de cabeça. Claro, que a idéia de que sua caneta esferográfica se transformasse em uma espada, ou que monstros poderiam se disfarçar através de algo chamado de a Névoa, ou que Percy era filho de um deus de cinco mil anos atrás incrustado de crustáceos, também o incomodavam. No entanto ele acreditava nisso. Mesmo que sua memória tenha sido apagada, ele sabia que era um semideus, da mesma maneira que sabia que seu nome era Percy Jackson.
Desde sua primeiríssima conversa com Lupa, a loba, ele aceitou essa loucura de que um mundo bizarro de deuses e monstros era sua realidade. O que era uma droga.
"E que tal chamarmos isso de um empate?" ele disse. “Eu não posso matá-las. Vocês não podem me matar. Se vocês são as irmãs da Medusa, como aquela Medusa que pode transformar pessoas em pedra, eu não deveria ser uma estátua nesse momento?
“Heróis!” Euryale disse com desgosto. "Eles sempre trazem isso a tona, assim como nossa mãe! 'Porque vocês não podem transformar pessoas em pedra? Sua irmã consegue transformá-las em pedra.' Bom, eu sinto muito em desapontá-lo, garoto! Isso era a maldição só da Medusa. Ela era a pior na família. Ela tinha essa sorte toda!"
Stheno pareceu sentida. “Mamãe dizia que eu era a pior.”
"Quieta!” Euryale disparou. “E sobre você, Percy Jackson, é verdade que você carrega a marca de Aquiles. Isso faz de você um pouco mais difícil de matar. Mas não se preocupe. Nós encontraremos uma maneira."
"A marca de quem?"
"Aquiles," Stheno disse toda alegrinha. "Oh, ele era maravilhoso! Foi mergulhado no Rio Estige quando era criança, você sabe, então ele era invulnerável, exceto por um pequeno ponto em seu calcanhar. Isso foi o que aconteceu com você, querido. Alguém deve tê-lo jogado no Estige e isso fez da sua pele como ferro. Só que não se preocupe. Heróis como você sempre possuem um ponto fraco. Nós só temos que descobrir qual, e assim poderemos matá-lo. Não será ótimo? Coma um Queijo com Salsicha!"
Percy tentou raciocinar. Ele não se lembrava de nenhum mergulho no Estige. Só que mais uma vez, ele não se lembrava de praticamente nada. Sua pele não se parecia com ferro, mas isso explicava como ele tinha agüentado por tanto tempo lutando contra essas górgonas.
Talvez se ele simplesmente se jogasse montanha abaixo… ele sobreviveria? Ele não queria arriscar – não sem alguma coisa para reduzir a velocidade da queda, ou uma prancha, ou…
Percy encarou o grande prato prateado de amostras da Stheno. Hmm . . .
"Pensando melhor?" Stheno perguntou. "Muito esperto, querido. Eu adicionei um pouco de sangue de górgona a eles, então sua morte será rápida indolor."
A garganta de Percy se encolheu. “Você adicionou seu sangue a esses queijos com salsicha?”
"Um pouquinho." Stheno sorriu. "Uma picadinha no meu braço, mas você é um doce por estar preocupado. Sangue do nosso lado direito pode curar qualquer coisa, você sabe, mas sangue do nosso lado esquerdo é fatal"
"Sua imbecil!” Euryale guinchou. "Você não deveria ter dito isso a ele. Ele não comerá as salsichas se você contar a ele que elas estão envenenadas!"
Stheno parecia surpresa. "Não vai? Mas eu disse a ele que seria rápido e indolor."
"Esqueça!" As unhas de Euryale se transformaram em garras. "Nós vamos matá-lo da maneira mais difícil, arranhe ele até nós encontrarmos seu ponto fraco. Uma vez que derrotarmos Percy Jackson, seremos mais famosas que a Medusa. Nossa benfeitora irá nos recompensar bem!"
Percy apertou sua espada. Ele teria que contar o tempo de seu movimento com perfeição, alguns segundos de confusão, agarrar o prato com sua mão esquerda…
Mantenha elas conversando, ele pensou.
"Antes de me cortar em pedaços,” ele disse, “quem é essa benfeitora que vocês falam?"
Euryale zombou. “A deusa Gaia, óbvio! Aquela que nos trouxe de volta do esquecimento! Você não viverá o suficiente para encontrar com ela, mas seus amigos abaixo logo irão enfrentar sua ira. Até mesmo agora, as armadas dela estão marchando sul. No Banquete da Fortuna, ela acordará, e os semideuses serão despedaçados como… como…”
"Como nossos preços baixos no Mercado de Barganhas!" Stheno sugeriu.
"Gah!" Euryale avançou para cima da irmã.
Percy tirou proveito da abertura. Ele agarrou o prato de Stheno, dispersando os queijos com salsicha envenenados, e feriu com Contracorrente em Euryale na cintura, cortando-a ao meio.
Ele levantou o prato, e Stheno se viu encarando o próprio reflexo distorcido.
"Medusa!" gritou ela.
Sua irmã Euryale virou pó, mas já estava criando forma denovo, como um boneco de neve congelando depois de derretido.
"Stheno, sua babaca!" ela borbulhava, enquanto sua semi-formada face emergia do monte de pó. "Isso é só o seu reflexo. Pegue ele!"
Percy bateu com a bandeja de metal em cima da cabeça de Stheno, e ela desmaiou no mesmo momento.
Ele colocou o prato atrás de seu traseiro, fez uma oração silenciosa a qualquer Deus Romano que cuidava de manobras de deslizamento idiotas e pulou pelo lado da colina.
As senhoras de cabelo de cobra estavam começando a irritar Percy. Elas deveriam ter morrido três dias antes quando ele derrubou uma caixa de bolas de boliche nelas no Mercado de Barganhas de Napa. Elas deveriam ter morrido há dois dias quando ele as atropelou com um carro de polícia em Martines. Elas definitivamente deveriam ter morrido essa manhã quando ele cortou suas cabeças no Parque Tilden.
Não importava quantas vezes Percy as matava e as via se transformarem em pó, elas insistiam em re-ganhar forma como grandes e malvados coelhos de poeira. Ele tinha a impressão que mal conseguia ganhar delas na corrida.
Ele alcançou o topo do monte e tentou recuperar a respiração. Fazia quanto tempo desde que ele as tinha matado pela última vez? Talvez duas horas. Elas nunca ficavam mortas muito mais que isso.
Nos últimos dias, ele quase não tinha dormido. Ele comia o que conseguia furtar – Ursinhos de Gelatina das máquinas automáticas, rosquinhas velhas, e até um burrito da Jack in the Crack, que tinha sido a coisa mais ruim até o momento. Suas roupas estavam rasgadas, queimadas e respingadas de lodo de monstro.
Ele só sobreviveu tanto porque as duas mulheres de cabelo de cobra – elas se auto-denominavam Górgonas – pareciam não conseguir matá-lo também. Suas garras não penetravam na pele dele. Seus dentes se quebravam assim que tentavam morder ele. Só que Percy não conseguia avançar muito mais. Logo ele iria entrar em colapso por exaustão, e então – mesmo sendo uma pessoa difícil de se matar, ele tinha certeza de que as górgonas encontrariam um jeito.
Para onde correr?
Ele escaneou os seus ambiente. Em circunstâncias diferentes ele teria aproveitado a vista. A sua esquerda, montes dourados adentravam na área, pontilhados com lagos, florestas, e alguns rebanhos de vacas. A sua direita, as planícies de Berkeley e Oakland marchavam para oeste – um vasto tabuleiro xadrez de bairros, com diversas pessoas que provavelmente não gostariam de ter sua manhã interrompida por dois monstros e um semideus imundo.
Ainda mais para oeste, a Baía de San Francisco brilhava debaixo de uma neblina prateada. Passando disso, uma parede de neblina engolia grande parte da cidade de San Francisco, deixando a vista somente o topo dos arranha-céus e das torres da ponte Golden Gate.
Uma grande tristeza pesou no peito de Percy. Alguma coisa dizia a ele que ele já esteve em San Francisco antes. A cidade tinha alguma ligação com Annabeth – a única pessoa que ele se lembrava de seu passado. Suas lembranças sobre ela eram frustrantemente vagas.
A loba havia prometido que ele a veria novamente e recobraria sua memória –se fosse bem sucedido em sua jornada.
Ele deveria tentar atravessar a baía?
Era tentador. Ele podia sentir a força do oceano logo além do horizonte. Água sempre o revivia. Água salgada era a melhor. Ele descobriu isso há dois dias quando teve que estrangular um monstro do mar no Estreito de Carquinez. Se ele conseguisse alcançar a baía, ele poderia travar uma última batalha. Talvez ele até conseguisse afogar as Górgonas. Só que a praia estava no mínimo a duas milhas de distância. Ele teria que cruzar uma cidade inteira.Ele hesitou por outra razão. A loba Lupa o ensinou a abrandar seus sentidos, a confiar nos instintos que estavam guiando ele ao sul. Seu radar de proximidade de casa estava incrivelmente agitado agora. O fim de sua jornada estava próximo – quase que debaixo de seus pés. Como poderia? Não havia nada no topo do monte.
O vento mudou. Percy sentiu a essência azeda de répteis. A cem jardas abaixo da inclinação, alguma coisa se arrastava pela floresta – quebrando galhos, amassando folhas, sibilando.
Górgonas.
Pela milionésima vez, Percy desejou que o olfato delas não fosse tão bom. Elas sempre falaram que podiam sentir o cheiro dele porque ele era um semideus, um filho mestiço de algum deus Romano. Percy tentou se lambuzar na lama, se molhar em riachos, e até manteve tubos de odorizadores de arem seus bolsos para ter aquele cheiro de carro novo; mas aparentemente um fedor de um semideus era difícil de disfarçar.
Ele correu para o lado oeste do declive. Era muito íngreme para descer. A descida despencava por oitenta pés, direto em um telhado de um complexo de apartamentos construído ao lado da colina. Quinze metros abaixo uma rodovia surgiu da base do morro e cortava seu caminho em direção a Berkeley.
Perfeito. Nenhuma outra saída dessa colina. Ele conseguira se encurralar.
Ele olhou para o fluxo dos carros indo para o oeste em direção a San Francisco e desejou estar em um deles. Então ele se deu conta que a estrada devia cortar por dentro do monte. Deveria haver um túnel, logo abaixo de seus pés.
Seu radar interno enlouqueceu. Ele estava no lugar certo, porém muito mais acima do que necessário. O garoto teria que ver esse túnel. Ele precisava de uma maneira de descer para a estrada, rapidamente.
Percy tirou sua mochila dos ombros. Ele havia conseguido recolher algumas coisas no Mercado de Barganhas de Napa: um GPS portátil, fita adesiva, isqueiro, super cola, garrafa de água, saco de dormir, um confortável travesseiro em formato de Panda de estimação (o mesmo da TV), um canivete suíço - que é tudo aquilo que um semideus moderno quer como arma. - Só que ele não possuía nada que serviria de pára-quedas ou de prancha de esquiar.Isso o deixou com duas opções: pular os oitenta pés direto para sua morte ou ficar no mesmo lugar e lutar. As duas opções pareciam péssimas.
Ele xingou alto e retirou sua caneta de seu bolso.
A caneta não parecia nada de espetacular, só uma caneta normal, no entanto, quanto Percy retirava a tampa da caneta, a caneta virava uma brilhante espada de bronze. A lâmina era perfeitamente balanceada. O punho de couro encaixava perfeitamente nas mãos de Percy, como se a espada tivesse sido feita para ele. Revestido na espada encontrava-se uma palavra em Grego Antigo, que de alguma maneira Percy conseguia entender: Anaklusmos, Contracorrente.
Ele acordou com essa espada na primeira noite na Casa da Loba – dois meses atrás? Mais? Ele perdeu a noção do tempo. O menino acordou no patio de uma mansão incendiada no meio das florestas, vestindo uma camisa laranja, e um colar de couro cheio de contas de argila estranhas. Contracorrente estava em sua mão, mas Percy não fazia idéia de quem era ou de como ele havia chegado ali. Ele estava descalço, congelando e confuso. E então os lobos apareceram…
Bem próximo a ele, uma voz familiar o trouxe de volta ao presente: “Aí está você!”
Percy se desviou da górgona, quase caindo montanha abaixo.
Era a mais sorridente—Beano.
Certo, o nome dela não era realmente Beano. O que Percy pôde ver, era que ele era disléxico, porque as palavras ficavam confusas e distorcidas quando ele tentava lê-las. A primeira vez que viu a górgona, ela estava posando de recepcionista do Mercado de barganhas, com um grande broche verde que lia: Bem vindo! Meu nome é Stheno, e o menino achou que se lia Beano.
Ela ainda usava seu colete verde dos funcionários do Mercado de Barganhas em cima de um vestido com estampa floral. Se você olhasse para o seu corpo, você poderia pensar que ela era alguma velha e gordinha vovozinha – até olhar para seus pés e perceber que ela tinha pés de galinha.
Ou se você olhasse para cima e visse suas presas de javali, de bronze, saindo pelos cantos de sua boca. Seus olhos eram vermelhos brilhantes, e seus cabelos eram um ninho contorcido de cobras da cor verde-vivo.
A coisa mais feia sobre ela? Ela ainda segurava seu grande e prata prato de amostras grátis: Molho de Queijo e Salsicha. O prato dela estava todo dentado com todas as vezes que Percy a matou, mas aquelas pequenas amostras estavam perfeitamente boas.
Stheno apenas continuava carregando elas pela California, para que pudesse oferecer um aperitivo a Percy antes de ela o matar. Percy não sabia por qual motivo ela fazia aquilo, mas se ele algum dia precisasse de uma armadura, ele iria fazer de Molho de Queijo e Salsicha.
Aquela coisa era indestrutível.
“Experimenta um?” Stheno ofereceu.
Percy fugiu dela com sua espada. “Cadê sua irmã?”
“Opa, guarde sua espada,” Stheno repreendeu. “Você provavelmente já sabe que nem Bronze Celestial consegue nos matar por muito tempo. Pegue um queijo com salsicha! Eles estão em promoção essa semana, e eu odiaria matá-lo de estômago vazio.”
“Stheno!” A segunda górgona apareceu a direita de Percy tão rapidamente que ele mal teve tempo de reagir. Felizmente, a górgona esta muito ocupada encarando a irmã para prestar qualquer atenção nele. “Eu falei para você aproximar-se discretamente e matá-lo!”
O sorriso de Stheno murchou. “Mas, Euryale . . .” Ela disse o nome de uma jeito que rimava com Muriel. “Não posso dar a ele uma amostra antes?”
“Não, sua idiota!” Euryale se voltou na direção de Percy e mostrou suas presas.
Exceto pelo cabelo, que era um ninho de cobras corais ao invés de víboras verdes, ela era exatamente igual a sua irmã. Seu colete do Mercado de Berganhas, seu vestido floral, até seus dentes estavam decorados com adesivos de 50% de desconto. Se lia a seguinte mensagem no broche com seu nome: Oi! Meu nome é morra, lixo de semideus!
“Você nos presenteou com uma caçada e tanto, Percy Jackson,” Euryale disse. “Mas agora você está encurralado e teremos nossa vingança!”
“O queijo com salsicha custa só $2.99,” Stheno adicionou como se quisesse ajudar. “Departamento de Mercearia, corridor três.”
Euryale rosnou. “Stheno, o Mercado de Barganhas era um disfarce! Você está se adaptando! Agora, coloque essa bandeja patética de lado e me ajude a matar esse semideus. Ou você já esqueceu que foi ele quem destruiu a Medusa?”
Percy deu um passo para trás. Mais quinze centímetros e Percy estaria rolando no ar. “Olhe, moças, já passamos por isso. Eu nem me lembro de ter matado a Medusa. Eu não me lembro de nada! Não podemos simplesmente negociar uma trégua e conversar sobre os seus especiais da semana?”
Stheno fez um beicinho para sua irmã, o que era difícil de projetar com as presas gigantes. “Podemos?”
“Não!” Os olhos vermelhos de Euryale se concentraram em Percy. “Eu não me importo com o que você se lembra, filho do deus dos mares. Eu posso sentir o cheiro do sangue da Medusa em você. É fraco, sim, de vários anos atrás, mas você foi o último a derrotá-la. Ela ainda não retornou do Tártaro. É sua culpa!”
Percy não conseguia mesmo entender aquilo. Toda aquela concepção de “morrer e depois retornar do Tártaro” dava a ele uma dor de cabeça. Claro, que a idéia de que sua caneta esferográfica se transformasse em uma espada, ou que monstros poderiam se disfarçar através de algo chamado de a Névoa, ou que Percy era filho de um deus de cinco mil anos atrás incrustado de crustáceos, também o incomodavam. No entanto ele acreditava nisso. Mesmo que sua memória tenha sido apagada, ele sabia que era um semideus, da mesma maneira que sabia que seu nome era Percy Jackson.
Desde sua primeiríssima conversa com Lupa, a loba, ele aceitou essa loucura de que um mundo bizarro de deuses e monstros era sua realidade. O que era uma droga.
"E que tal chamarmos isso de um empate?" ele disse. “Eu não posso matá-las. Vocês não podem me matar. Se vocês são as irmãs da Medusa, como aquela Medusa que pode transformar pessoas em pedra, eu não deveria ser uma estátua nesse momento?
“Heróis!” Euryale disse com desgosto. "Eles sempre trazem isso a tona, assim como nossa mãe! 'Porque vocês não podem transformar pessoas em pedra? Sua irmã consegue transformá-las em pedra.' Bom, eu sinto muito em desapontá-lo, garoto! Isso era a maldição só da Medusa. Ela era a pior na família. Ela tinha essa sorte toda!"
Stheno pareceu sentida. “Mamãe dizia que eu era a pior.”
"Quieta!” Euryale disparou. “E sobre você, Percy Jackson, é verdade que você carrega a marca de Aquiles. Isso faz de você um pouco mais difícil de matar. Mas não se preocupe. Nós encontraremos uma maneira."
"A marca de quem?"
"Aquiles," Stheno disse toda alegrinha. "Oh, ele era maravilhoso! Foi mergulhado no Rio Estige quando era criança, você sabe, então ele era invulnerável, exceto por um pequeno ponto em seu calcanhar. Isso foi o que aconteceu com você, querido. Alguém deve tê-lo jogado no Estige e isso fez da sua pele como ferro. Só que não se preocupe. Heróis como você sempre possuem um ponto fraco. Nós só temos que descobrir qual, e assim poderemos matá-lo. Não será ótimo? Coma um Queijo com Salsicha!"
Percy tentou raciocinar. Ele não se lembrava de nenhum mergulho no Estige. Só que mais uma vez, ele não se lembrava de praticamente nada. Sua pele não se parecia com ferro, mas isso explicava como ele tinha agüentado por tanto tempo lutando contra essas górgonas.
Talvez se ele simplesmente se jogasse montanha abaixo… ele sobreviveria? Ele não queria arriscar – não sem alguma coisa para reduzir a velocidade da queda, ou uma prancha, ou…
Percy encarou o grande prato prateado de amostras da Stheno. Hmm . . .
"Pensando melhor?" Stheno perguntou. "Muito esperto, querido. Eu adicionei um pouco de sangue de górgona a eles, então sua morte será rápida indolor."
A garganta de Percy se encolheu. “Você adicionou seu sangue a esses queijos com salsicha?”
"Um pouquinho." Stheno sorriu. "Uma picadinha no meu braço, mas você é um doce por estar preocupado. Sangue do nosso lado direito pode curar qualquer coisa, você sabe, mas sangue do nosso lado esquerdo é fatal"
"Sua imbecil!” Euryale guinchou. "Você não deveria ter dito isso a ele. Ele não comerá as salsichas se você contar a ele que elas estão envenenadas!"
Stheno parecia surpresa. "Não vai? Mas eu disse a ele que seria rápido e indolor."
"Esqueça!" As unhas de Euryale se transformaram em garras. "Nós vamos matá-lo da maneira mais difícil, arranhe ele até nós encontrarmos seu ponto fraco. Uma vez que derrotarmos Percy Jackson, seremos mais famosas que a Medusa. Nossa benfeitora irá nos recompensar bem!"
Percy apertou sua espada. Ele teria que contar o tempo de seu movimento com perfeição, alguns segundos de confusão, agarrar o prato com sua mão esquerda…
Mantenha elas conversando, ele pensou.
"Antes de me cortar em pedaços,” ele disse, “quem é essa benfeitora que vocês falam?"
Euryale zombou. “A deusa Gaia, óbvio! Aquela que nos trouxe de volta do esquecimento! Você não viverá o suficiente para encontrar com ela, mas seus amigos abaixo logo irão enfrentar sua ira. Até mesmo agora, as armadas dela estão marchando sul. No Banquete da Fortuna, ela acordará, e os semideuses serão despedaçados como… como…”
"Como nossos preços baixos no Mercado de Barganhas!" Stheno sugeriu.
"Gah!" Euryale avançou para cima da irmã.
Percy tirou proveito da abertura. Ele agarrou o prato de Stheno, dispersando os queijos com salsicha envenenados, e feriu com Contracorrente em Euryale na cintura, cortando-a ao meio.
Ele levantou o prato, e Stheno se viu encarando o próprio reflexo distorcido.
"Medusa!" gritou ela.
Sua irmã Euryale virou pó, mas já estava criando forma denovo, como um boneco de neve congelando depois de derretido.
"Stheno, sua babaca!" ela borbulhava, enquanto sua semi-formada face emergia do monte de pó. "Isso é só o seu reflexo. Pegue ele!"
Percy bateu com a bandeja de metal em cima da cabeça de Stheno, e ela desmaiou no mesmo momento.
Ele colocou o prato atrás de seu traseiro, fez uma oração silenciosa a qualquer Deus Romano que cuidava de manobras de deslizamento idiotas e pulou pelo lado da colina.
As crônicas dos Kane - livro 3 - A sombra da serpente - primeiro capÍtulo
PRIMEIRO CAPÍTULO DO LIVRO A SOMBRA DA SERPENTE
AS CRÔNICAS DOS KANE LIVRO 3
Sadie Kane aqui.
Se você estiver
ouvindo isso, parabéns! Você sobreviveu ao Apocalipse.
Eu gostaria de pedir
desculpas de imediato por qualquer inconveniência que o fim do mundo possa ter
causado.
Os terremotos, rebeliões,
motins, tornados, inundações, tsunamis, e é claro, a cobra gigante que engoliu a
maior parte do sol – temo que grande parte disso tenha sido nossa culpa.
Carter e eu decidimos que deveríamos ao menos explicar como isso
aconteceu.
Esta provavelmente será a
nossa última gravação. No instante em que você escutar nossa história, a razão
para isso será óbvia.
Nossos problemas começaram
em Dallas, quando as ovelhas cuspidoras de fogo destruíram a exposição do Rei
Tut.
Naquela noite no Texas, os
magos realizavam uma festa no jardim de esculturas do outro lado da rua do
Museu de Arte de Dallas. Os homens usavam smoking e botas de cowboy. As mulheres
usavam vestidos de noite e penteados que lembravam explosões de doce
fofinho.
[Carter diz que é chamado
de algodão doce na América. Eu não me importo. Eu fui criada em Londres, assim
você deve me acompanhar e aprender a maneira correta de dizer as
coisas.]
A banda tocava música country
clássica no pavilhão. Cordões de pontos de luzes brilhavam nas árvores. Os magos
ocasionalmente saíam de portas secretas nas esculturas ou convocam faíscas de
fogo para queimar mosquitos irritantes, tirando isso, parecia que era uma festa
um tanto normal.
O líder do Quinquagésimo
Primeiro Nomo, JD Grissom, estava conversando com seus convidados e apreciava um
prato de tacos de carne, quando o puxamos para uma reunião de emergência. Eu me
senti mal com isso, mas não havia muita escolha, considerando o perigo que ele
corria.
“Um ataque?” Ele franziu o
cenho. ”A exposição Tut já está aberta há um mês. Se Apófis fosse atacar, ele já
não teria feito isso?”
JD era alto e forte, com um
rosto duro e desgastado, ruivo com cabelo partido, e as mãos
ásperas como casca. Ele parecia ter por volta de quarenta anos, mas é difícil
dizer isso quando se trata dos magos. Ele poderia ter uns 400. Ele usava um
terno preto com uma gravata de bolinhas e um grande cinto de fivela prata
da Lone Star, como um marechal do Velho Oeste.
“Falamos sobre isso
no caminho”, disse Carter. Ele começou a nos levar para o lado oposto do
jardim.
Devo admitir que meu
irmão agiu de maneira extremamente confiante.
Ele ainda era um idiota de marca
maior, é claro. Seu cabelo de um forte castanho estava com um pedaço faltando no
lado esquerdo, onde seu grifo lhe tinha dado uma “mordida de amor”, e você
poderia dizer pelos cortes em seu rosto que ele não tinha dominado muito a arte
de fazer a barba. Porém desde o seu décimo quinto aniversário que ele cresceu
bastante e ganhou músculos depois de horas de treinamento de combate. Ele
parecia equilibrado e maduro em suas roupas de linho preto, especialmente com
aquela espada khopesh ao seu lado. Eu quase poderia imaginá-lo como um líder de
homens sem rir histericamente.
[Por que você está me encarando,
Carter? Isso foi uma descrição bastante generosa.]
Carter fez uma manobra
estratégica em torno da mesa buffet, saindo com as mãos cheias de chips de
tortillas.
“Apófis tem um padrão”, ele
disse a JD. ”Todos os outros ataques aconteceram na noite da Lua Nova, quando a
escuridão é maior. Acredite em mim quando digo que ele vai atacar o seu museu
esta noite. E ele vai atacar com vontade.”
JD Grissom se espremeu entre de
um grupo de magos bebendo champanhe.
“Esses outros ataques…”,
disse. ”Você quer dizer os de Chicago e na Cidade do México?”
“E Toronto”, disse
Carter. ”E… alguns outros.”
Eu sabia que ele não
queria dizer mais. Os ataques que tínhamos testemunhado ao longo o verão nos deu
muitos pesadelos.
Verdade seja dita, ainda não
havia chegado o Armageddon completo. Fazia seis meses desde que a cobra do Caos,
Apófis, escapara de sua prisão no Mundo Inferior, mas ele ainda não havia
iniciado uma invasão em larga escala no mundo mortal, como esperávamos que
acontecesse. Por alguma razão, a serpente estava administrando seu tempo,
organizando ataques menores em nomos que pareciam seguros e
felizes.
Como este, pensei.
Ao passarmos pelo pavilhão, a banda terminou sua canção. Uma mulher bonita e loira, com um violino acenou seu arco para JD.
Ao passarmos pelo pavilhão, a banda terminou sua canção. Uma mulher bonita e loira, com um violino acenou seu arco para JD.
“Vamos lá, querido!” Ela
chamou. ”Nós precisamos de você na guitarra de aço!”
Ele forçou um sorriso. ”Em breve, querida. Eu já volto. ”
Seguimos nossa caminhada. JD dirigiu-se a nós. ”Minha esposa, Anne.”
“Ela também é uma maga?” Eu perguntei.
Ele forçou um sorriso. ”Em breve, querida. Eu já volto. ”
Seguimos nossa caminhada. JD dirigiu-se a nós. ”Minha esposa, Anne.”
“Ela também é uma maga?” Eu perguntei.
Ele confirmou com a cabeça, sua
expressão se tornando mais fechada. ”Sobre estes ataques. Por que você está tão
certo de que Apófis vai atacar AQUI? ”
A boca de Carter estava cheia
de chips de tortilla, por isso sua resposta foi ”Mhm-hmm”.
“Ele está atrás de um certo
artefato “, eu traduzi. ”Ele já destruiu cinco cópias do mesmo. A
última existente cópia está na exposição de Tut ”.
“Qual artefato?” JD perguntou.
Hesitei. Antes de vir
para Dallas, nós lançamos todos os tipos de magias de proteção e viemos
carregados de amuletos de proteção para evitar a espionagem mágica, mas eu ainda
estava nervosa de falar sobre nossos planos em voz alta.
“Melhor mostrarmos a você.” Eu
desviei de um chafariz, onde dois jovens magos traçavam mensagens brilhantes de
Eu te amo sobre as pedras da calçada com suas varinhas. “Nós trouxemos a nossa
própria equipe de elite para ajudar. Eles estão esperando no museu. Se você nos
deixar examinar o artefato, ou talvez leva-lo conosco para mantê-lo em segurança
– ”
“Levar com VOCÊS?” JD fez uma
careta. “A exposição é fortemente vigiada. Eu coloquei meus melhores magos para
cercar o lugar dia e noite. Vocês acham que podem fazer melhor que isso na Casa
do Brooklyn?”
Paramos na beira do jardim. Do
outro lado da rua, uma bandeira do tamanho de dois andares do Rei Tut estava
pendurada ao lado do museu.
Carter pegou seu celular. Ele
mostrou para JD Grissom uma imagem – uma mansão queimada que já fora a sede do
Centésimo Nomo em Toronto.
“Tenho certeza que seus guardas
são bons”, disse Carter. “Só que nós preferimos não fazer do seu nomo um alvo de
Apófis. Em outros ataques semelhantes… servos da serpente não deixaram nenhum
sobrevivente.”
JD olhou para a tela do celular,
em seguida, olhou para sua esposa, Anne, estava abrindo passagem através de uma
dança dois pra lá, dois pra cá.
“Tudo bem”, disse JD. “Espero
que sua equipe seja de alto nível”.
“Eles são incríveis”, eu
prometi. “Vamos, vamos apresentá-los a você.”
…
Nosso esquadrão de elite estava
bastante ocupado, invadindo a loja de presentes.
Felix havia convocado três
pinguins, que estavam andando em círculos, usando máscaras de papel do Rei Tut.
Nosso amigo babuíno, Khufu, sentou em cima de uma estante e estava lendo A
História dos Faraós, o que poderia impressionar bastante, se ele não tivesse
segurando o livro de cabeça para baixo. Walt – oh, querido Walt, por quê? –
abrira o armário de jóias e estava examinando pulseiras e colares, como se
algumas pudessem ser mágicas. Alyssa levitava panelas de barro com sua magia
Elemental, fazendo malabarismos com vinte ou trinta itens de uma vez, formando
uma figura de um oito.
Carter limpou a
garganta.
Walt congelou, com as mãos
cheias de jóias de ouro. Khufu entrou embaixo da estante, derrubando a maior
parte dos livros. As cerâmicas de Alyssa caíram no chão. Felix tentou espantar
seus pinguins para a parte de trás da caixa. (Ele tem uma opinião bastante forte
sobre a utilidade de pingüins. Eu temo que não consigo explicar esse
raciocínio.)
Eu puxei minha varinha do meu
cinto e pronunciei uma palavra de poder: “Hi-nemh”.
Eu melhorei bastante nas magias
desse tipo. Na maioria das vezes, eu conseguia canalizar o poder da minha deusa
patrona sem desmaiar. E eu não explodi nenhuma vez.
O hieróglifo para Juntar
brilhava
Pedaços quebrados de cerâmica
voaram e se emendaram. Livros foram devolvidos
à prateleira. As máscaras do Rei
Tut voaram dos pinguins, revelando que eles eram surpresa –
pingüins.
Nossos amigos pareciam bastantes
envergonhados.
“Desculpe”, Walt murmurou,
colocando as jóias de volta. “Ficamos entediados.”
Eu não poderia ficar brava com
Walt. Ele era alto e atlético, forte como um jogador de basquete, com calças de
treino e camisetas sem mangas que exibia seus braços esculpidos.Sua pele era da
cor de chocolate quente, com o rosto tão suntuoso e belo, como as estátuas dos
seus antepassados faraó.
JD Grissom olhou para nossa
equipe. “Prazer em conhecer todos vocês.” Ele conseguiu conter seu entusiasmo.
“Venham comigo”.
O salão principal do museu era
uma grande sala branca, com mesas enormes de café vazias, um palco e um teto
alto o suficiente para se ter uma girafa de estimação. De um lado, escadas que
levavam até uma sacada com um corredor de escritórios. Do outro lado, paredes de
vidro permitiam que se admirasse o horizonte noturno de Dallas.
JD apontou para a sacada, onde
dois homens com vestes de linho preto faziam a patrulha. “Você vê? Os guardas
estão em toda parte.”
Os homens tinham seus cajados e
varinhas preparadas. Eles olharam para nós, e eu pude perceber que seus olhos
estavam brilhando. Hieróglifos foram pintados em suas maçãs do rosto, como
pintura de guerra.
Alyssa sussurrou para mim: “O
que aconteceu com os olhos deles?”
“Vigilância mágica,” eu supus,
“Os símbolos permitem que os guardas vejam o Duar.”
Alyssa mordeu o lábio. Como a
sua deusa patrona era a deusa Geb, ela gostava de coisas mais sólidas, como
pedra e barro. Ela não gostava de altura ou águas profundas. E definitivamente,
ela não gostava da idéia do Duat – a região mágica que coexistia com a
nossa.
Uma vez, quando eu descrevi o
Duat como um oceano embaixo de nossos pés, com infinitas camadas e camadas de
dimensões mágicas uma embaixo da outra, eu achei que Alyssa ia ter um daqueles
enjôos de mar.
Felix, de dez anos de idade, por
outro lado, não tinha essas vertigens.
“Legal!” ele disse. “Eu quero
olhos brilhantes.”
Ele usou o dedo para tracear
pela sua bochecha, fazendo um borrão roxo brilhando no formato da
Antártica.
Alyssa riu. “Você pode ver o
Duat agora?”
“Não,” ele admitiu. “Mas eu
consigo ver bem melhor meus pinguins.”
“Nós devemos nos apressar,”
Carter nos lembrou. “Apófis normalmente ataca quando a lua está no topo de sua
trajetória. Que é –”
“Agh!” Khufu levantou todos os
seus dez dedos. Deixe para um babuíno ter ótimos sensos
astrnômicos.
“Em dez minutos,” Eu disse.
“Simplesmente brilhante.”
Nós nos aproximamos da entrada
da exibição do Rei Tut, e não dava para errar por causa do símbolo dourado
gigante que dizia EXIBIÇÃO DO REI TUT. Dois magos estavam de guarda, com
leopardos adultos na coleira.
Carter olhou para JB admirado.
“Como você conseguiu acesso complete ao museu?”
O texano encolheu os ombros.
“Minha esposa, Anne, é presidente do conselho. Agora, que artefato vocês querem
ver?”
“Eu estudei seus mapas em
exibição,” Carter disse. “Vamos. Vou mostrar a vocês”.
Os leopardos pareciam bem
interessados nos pingüins de Felix, mas os guardas os mantiveram afastados e nos
deixaram passar.
Lá dentro a exibição era enorme,
mas duvido que você se importa com os detalhes. Um labirinto de salas com
sarcófagos, estátuas, mobília, punhados de jóias de ouro – blá, blá, blá. Eu
teria passado batido por tudo isso. Já tinha visto coleções egípcias o
suficiente para várias vidas, muito obrigada.
Além disso, para todo lugar que
eu olhava, eu me lembrava de experiências ruins. Passamos cápsulas de figuras
shabti, sem dúvida encantadas para ganharem vida quando chamados. Já matei minha
cota dessas coisas. Passamos por estátuas de monstros brilhantes e deuses com
quem eu já tinha lutado frente a frente – a abutre Nekhbet, que já tinha
possuído minha avó (uma longa história); o crocodilo Sobek, que tentou matar
minha gata (uma história maior ainda); e a deusa leoa Sekhmet, contra quem
vencemos com molho de pimenta (nem pergunte).
E o mais triste de todos os
itens: uma pequena estátua de alabastro de nosso amigo Bes, o deus anão. A
escultura tinha éons de idade, mas reconheci seu nariz de barro, suas costeletas
grossas, a barriga de cerveja, e o rosto adoravelmente feio que parecia ter sido
repetidamente acertado por uma frigideira. Só tínhamos conhecido Bes por alguns
dias, mas ele literalmente tinha sacrificado sua alma para nos ajudar. Agora,
toda vez que eu o via, lembrava de uma dívida que nunca poderia
pagar.
Devo ter ficado olhando para a
estátua por mais tempo que percebi. O resto do grupo tinha me passado e estavam
virando para dentro da próxima sala, quase vinte metros à frente, quando uma voz
perto de mim disse “Psst!”
Eu olhei ao redor. Achei que a
estátua de Bes tinha falado. Então a voz chamou de novo “Ei, boneca. Escute. Não
há muito tempo.”
No meio da parede, ao nível dos
meus olhos, estava o rosto de um homem escavado na textura branca, como se
estivesse tentando fugir. Ele tinha um nariz pontudo, lábios cruelmente finos e
uma testa grande. Mesmo ele sendo da mesma cor da parede, pareceria estar bem
vivo. Seus olhos brancos e vazios tentavam transmitir um olhar de
impaciência.
“Você não vai salvar o
pergaminho, boneca,” ele avisou. “Mesmo se conseguisse, nunca o entenderia. Você
precisa da minha ajuda.”
Eu já tinha presenciado muitas
coisas estranhas desde que tinha começado a praticar magia, então não fiquei
particularmente assustada. Mesmo assim, eu sabia que não devia confiar em uma
velha aparição de massa corrida branca que falava comigo, especialmente uma que
me chamava de boneca. Ele me lembrava um personagem daqueles filmes idiotas de
Máfia que os garotos da casa no Brooklyn gostavam de assistir no tempo livre –
deve ser o tio Vinnie de alguém.
“Quem é você?”
Exigi.
O homem bufou.
“Como se você não soubesse. Como
se houvesse alguém que não saiba. Você tem dois dias até eles me derrotarem. Se
quer derrotar Apófis, é melhor puxar umas cordas e me tirar daqui.”
“Não tenho ideia do que está
falando,” eu disse.
O homem não soava como Set, o
deus demoníaco, ou a serpente Apófis, ou outros vilões que eu já tinha duelado
antes, mas nunca se pode ter certeza. Havia essa coisa chamada magia, no
fim das contas.
O homem projetou seu queixo.
“Certo, entendi. Você quer uma amostra de confiança. Você nunca salvará o
pergaminho, mas vá atrás da caixa dourada. Ela vai te dar uma pista do que
precisa, se for esperta o bastante para entendê-la. Depois de amanhã no
pôr-do-sol, boneca. Então minha oferta expira, porque é quando eu fico
permanentemente…”
Ele engasgou. Seus olhos se
esbugalharam. Ele ficou tenso, como se um laço estivesse apertando seu pescoço.
Ele lentamente desapareceu da parede.
“Sadie?” Walt chamou do fim do
corredor. “Tudo bem aí?”
Olhei para ele. “Você viu
isso?”
“Vi o quê?” ele
perguntou.
Claro que não, pensei. Que graça
teria se outras pessoas vissem minha visão do tio Vinnie? Então não consegui
evitar o pensamento de que estava ficando completamente maluca.
“Nada,” eu disse, e corri para
alcançá-los.
…
A entrada para a próxima sala
era guardada por duas esfinges gigantes de obsidiana com corpos de leão e
cabeças de carneiro. Carter disse que esse tipo particular de esfinge é chamada
de crioesfinge. [Valeu, Carter. Estávamos todos morrendo de vontade de saber um
pouco de informação inútil.]
“Agh!” Khufu avisou, erguendo
cinco dedos.
“Cinco minutos restantes” Carter
traduziu.
“Esperem um pouco,” JD disse.
“Essa sala tem os feitiços protetores mais fortes. Vou precisar modificá-los
para vocês passarem.”
“Hã,” eu disse nervosamente,
“mas os feitiços ainda vão evitar inimigos, como cobras gigantes do Caos, não
é?”
JD me deu um olhar exasperado,
do tipo que recebo com mais freqüência do que gostaria.
“Eu SEI uma coisa ou duas sobre
magia protetora,” ele prometeu. “Confiem em mim.” Ele ergueu a varinha e começou
oencantamento.
Carter me puxou para seu lado.
“Você está bem?”
Eu devia estar com a aparência
abalada depois do meu encontro com tio Vinnie.
“Estou bem,” eu disse. “Vi uma
coisa lá atrás. Provavelmente só um dos truques de Apófis, mas…”
Meus olhos se moveram para o
outro fim do corredor. Walt estava olhando um trono dourado em uma cápsula de
vidro. Ele deu alguns passos para frente e colocou uma mão no vidro como se
estivesse doente.
“Espera aí,” eu disse a
Carter.
Fui para o lado de Walt. A luz
da exibição banhava seu rosto, transformando suas feições em marrom avermelhado,
como os morros do Egito.
“O que foi?”
perguntei.
“Tutancâmon morreu nessa
cadeira,” ele disse.
Olhei para a placa. Não dizia
nada sobre Tut ter morrido na cadeira, mas Walt pareceu ter certeza absoluta.
Talvez ele pudesse sentir a maldição da família. O rei Tut foi o tio-avô de Walt
há um bilhão de anos, e o mesmo veneno genético que matou Tut aos dezenove agora
estava correndo no sangue de Walt, ficando mais forte quanto mais ele praticava
magia. Mesmo assim, Walt se recusava a se controlar mais. Olhando para o trono
de seu ancestral, ele deve ter sentido como se estivesse lendo seu próprio
obituário.
“Vamos encontrar uma cura,”
prometi. “Assim que derrotarmos Apófis…”
Ele olhou para mim, e minha voz
falhou. Nós dois sabíamos que nossas chances de derrotar Apófis eram mínimas.
Mesmo se vencêssemos, não havia garantia de que Walt viveria o bastante para que
ele celebrasse a vitória. Hoje era um dos dias ‘bons’ de Walt, e mesmo assim, eu
conseguia ver a dor em seus olhos.
“Pessoal,” Carter chamou.
“Estamos prontos.”
…
A sala após as crioesfinges era
uma compilação do que faz mais sucesso de pós vida no Egito. Um Anúbis de
madeira em tamanho real olhava para baixo de seu pedestal. Em cima das balanças
da justiça estava um babuíno de ouro, e Khofu imediatamente começou a flertar
com o objeto. Havia máscaras de faraós, mapas para o Mundo Inferior e vários
vasos canópicos, que já foram recheados de órgãos de múmias. Carter
simplesmente passou por tudo isso. Ele nos reuniu em torno de um longo rolo de
papiro, numa caixa de vidro na parece dos fundos.
“É atrás disso que você está?”
JD franziu a testa. “O Livro para Superar Apófis? Você sabe que nem mesmo os
melhores feitiços contra Apófis costumam ser eficientes.”
Carter enfiou a mão no bolso e
dele tirou um pedaço de papiro chamuscado. “Isso foi tudo que conseguimos salvar
em Toronto. Era uma outra cópia do mesmo pergaminho.”
JD pegou o pequeno pedaço do
papiro. Não era maior que um cartão postal e estava tão carbonizado que só
conseguiríamos extrair dele alguns poucos hieróglifos.
“ ‘Superando Apófis . . .’ ” ele
leu. “Mas isso é um dos mais comuns detre os pergaminhos magicos. Milhares de
cópias sobreviveram desde os tempos antigos.”
“Não.” Eu lutei contra vontade
imediata de olhar sobre o meu ombro, para o caso de alguma serpente gigante
estar ouvindo. “Apofis está atrás de uma versão em particular, escrita por esse
carinha.”
Eu dei batidinhas na placa de
informação próxima a exibição do item. “ ‘Atribuído ao Príncipe Khaemwaset’ ” eu
li “ ‘mais conhecido como Setne’ ”
JD fez uma careta. “Esse é um
nome maligno… um dos maiores magos vilanescos que já viveu.”
“É o que nós ouvimos,” Eu disse,
“e Apófis só está destruindo a versão de Setne do pergaminho. Até onde eu sei,
existiam somente seis cópias. Apófis já queimou cinco. Essa é a última que
existe.”
JD estudou o pedaço queimado de
papiro cheio de dúvidas. “Se o Apófis se ergueu do Duat, com todo o seu poder,
porque ele ligaria para alguns pergaminhos? Nenhum feitiço poderia impedi-lo.
Por que ele ainda não destruiu o mundo?”
Nós estávamos fazendo essa mesma
pergunta há meses.
“Apófis tem medo desse
pergaminho” Eu disse, esperando estar certa. “Alguma coisa nele deve reveler o
segredo para derrotá-lo. Ele quer ter certeza que todas as cópias serão
destruídas antes de invadir o mundo.”
“Sadie, precisamos nos
apressar,” Carter disse. “O ataque pode começar a qualquer
momento.”
Eu me posicionei mais perto do
pergaminho. Tinha irregularmente dois metros de largura e meio metro de altura,
com linhas densas de hieróglifos e ilustrações coloridas. Eu já vi vários
pergaminhos como esse descrevendo maneiras de derrotar o Caos, com cânticos
criados para evitar que a serpente Apófis devore o deus do sol Ra em sua jornada
noturna ao Duat. Os antigos egípcios eram bem obcecados com esse assunto. Um
grupo alegre, esses Egípcios.
Eu podia ler os hieróglifos – um
dos meus muitos talentos fantásticos – mas o pergaminho tinha muita informação
para se absorver. A primera vista, nada chamou minha atenção como algo em
particular que fosse ajudar. Ali estava a mesma descrição do Rio da Noite, pelo
qual o barco de sol do Ra navegava. Já estive lá, obrigada.
Havia dicas sobre como lidar com
vários demônios no Duat. Encontrei com eles. Matei eles. Tenho até
camisa.
“Sadie?” Carter perguntou.
“Alguma coisa?”
“Não sei ainda,” Eu resmunguei.
“Me dá um tempinho.”
Eu acho muito irritante que o
meu irmão que gosta de livros é o mago de combate, enquanto esperam que eu seja
uma grande leitora de magia. Eu mal tenho paciência para revistas, quando mais
para pergaminhos mofados.
Você nunca vai entender isso, a
face na parede havia avisado. Você precisará de minha ajuda.
“Nós precisamos levá-lo
conosco,” Decidi. “Tenho certeza de que posso descobrir algo com um pouco mais
de – ”
O prédio tremeu. Khofu berrou e
pulou nos braços do babuíno de ouro.
Os pinguins de Felix andavam de
um lado para o outro freneticamente.
“Esse é o som de—” JD Grissom
ficou pálido. “Uma explosão lá fora. A festa!”
“É uma distração,” Carter
avisou. “Apófis está tentando afastar nossas defesas do
pergaminho.”
“Eles estão atacando meus
amigos,” JD sdisse com uma voz falha. “Minha esposa.”
“Vai!” Eu disse. Eu encarei meu
irmão. “Nós cuidamos do pergaminho. A esposa do JD está em perigo!”
JD apertou minhas mãos. “Leve o
pergaminho. Boa Sorte.”
Ele correu para for a da
sala.
Eu voltei minhas atenções para a
área de exibição do pergaminho. “Walt, você pode abrir a caixa? Nós precisamos
tirar isso daqui e rápido – ”
Uma risada maligna tomou conta
da sala. Uma voz seca e pesada, profunda como uma explosão nuclear ecoou a nossa
volta: “Eu acho que não, Sadie Kane.”
Minha pele parecia que estava se
transformando em um frágil papiro. Eu lembrava daquela voz. Eu lembrava como era
estar tão perto co Caos, como se meu sangue estivesse pegando fogo, e como se a
estrutura do meu DNA estivesse desmontando.
“Eu acho que vou destruí-la com
os guardiões do Ma’at,” Apófis disse. “É, isso vai ser divertido.”
Na entrada da sala, as duas
crioesfinges de obsidiana se viraram. Elas bloquearam a saída, permanecendo
ombro a ombro. Fogo saía de suas narinas.
Com a voz de Apófis, elas
disseram em um só som: “Ninguém sai desse lugar vivo. Adeus, Sadie Kane.''
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